"MEMÓRIAS DA MARQUESA DE RABICÓ
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[...]
– E como sou filósofa – continuou Emília – quero que minhas Memórias
comecem com a minha filosofia de vida.
– Cuidado Marquesa! Mil sábios já tentaram explicar a vida e se estreparam.
– Pois eu não me estreparei. A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos − viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.
[...]
A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama;
pisca e anda; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama;
pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
− E depois que morre? − Perguntou o Visconde.
− Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"
− E depois que morre? − Perguntou o Visconde.
− Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"
[...]
*Monteiro Lobato*
Trecho extraído de "Memórias da Emília", São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1936.
*Monteiro Lobato*
Trecho extraído de "Memórias da Emília", São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1936.
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