domingo, 19 de maio de 2013

O Sonho

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, apareces à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa...

  
*Olavo Bilac*

Em “Poesias – Olavo Bilac”, São Paulo, Martins Editora Livraria Ltda., 1ª Edição, 2001.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa noite!

Sempre um poema tão bem escolhido e transbordando bom gosto por aqui. Gosto muito!

Uma semana poética para você, Elaine!