“Simplicidade, Felicidade
Simplicidade... Simplicidade...
Ser como as rosas, o céu sem fim
A árvore, o rio... Porque não há de
ser toda gente também assim?
Ser como as rosas: bocas vermelhas
que não disseram nunca a ninguém
que têm perfumes... Mas as abelhas
e os homens sabem o que elas têm!
Ser como o espaço, que é azul de longe,
de perto é nada... Mas quem o vê
− árvores, aves, olhos de monge...
busca-o sem mesmo saber porque.
Ser como o rio cheio de graça,
que move o moinho, dá vida ao lar,
fecunda as terras... E, rindo, passa
despretencioso, sempre a cantar.
Ou ser como a árvore: aos lavradores
dá lenha e fruta, dá sombra e paz;
dá ninho às aves, ao inseto, flores...
Mas nada sabe do bem que faz.
Felicidade − sonho sombrio!
Feliz é o simples que sabe ser
como o ar, as rosas, a árvore, o rio:
simples, mas simples sem o saber.”
*Guilherme de Almeida*
Em "Toda a Poesia", São Paulo, Livraria Martins Editora, 1ª Edição, 1952.
Simplicidade... Simplicidade...
Ser como as rosas, o céu sem fim
A árvore, o rio... Porque não há de
ser toda gente também assim?
Ser como as rosas: bocas vermelhas
que não disseram nunca a ninguém
que têm perfumes... Mas as abelhas
e os homens sabem o que elas têm!
Ser como o espaço, que é azul de longe,
de perto é nada... Mas quem o vê
− árvores, aves, olhos de monge...
busca-o sem mesmo saber porque.
Ser como o rio cheio de graça,
que move o moinho, dá vida ao lar,
fecunda as terras... E, rindo, passa
despretencioso, sempre a cantar.
Ou ser como a árvore: aos lavradores
dá lenha e fruta, dá sombra e paz;
dá ninho às aves, ao inseto, flores...
Mas nada sabe do bem que faz.
Felicidade − sonho sombrio!
Feliz é o simples que sabe ser
como o ar, as rosas, a árvore, o rio:
simples, mas simples sem o saber.”
*Guilherme de Almeida*
Em "Toda a Poesia", São Paulo, Livraria Martins Editora, 1ª Edição, 1952.
Nenhum comentário:
Postar um comentário