sexta-feira, 17 de maio de 2013

"prece

dá-me a lucidez das
correntezas para que eu descubra
entre as tristezas que se
avolumam algum
sorriso mesmo
que não seja para mim

dá-me a serenidade de uma
estrela para que eu imagine
entre as lágrimas que não
me deixam qualquer
paz ainda
que breve

dá-me a claridade das
luas cheias para que eu invente
entre as angústias que se 

esparramam um
horizonte mesmo
que se transmude em ilusão

dá-me a esperança das
árvores para que eu teça
entre as ausências que se
imensificam uma sanidade ainda
que estofada de
delírios
"

*Adair Carvalhais Júnior*

Extraído daqui: http://ventosdesencontrados.blogspot.com.br/search/label/prece 

2 comentários:

Brilho disse...

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A Minha Ausência de Ti

Foi tal e qual o inverno a minha ausência
de ti, prazer dum ano fugitivo:
dias nocturnos, gelos, inclemência;
que nudez de dezembro o frio vivo.

E esse tempo de exílio era o do verão;
era a excessiva gravidez do outono
com a volúpia de maio em cada grão:
um seio viúvo, sem senhor nem dono.

Essa posteridade em seu esplendor
uma esperança de órfãos me parecia:
contigo ausente, o verão teu servidor
emudeceu as aves todo o dia.

Ou tanto as deprimiu, que a folha arfava
e no temor do inverno desmaiava.

William Shakespeare

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O Amor Tudo Mata quando Morre

Eu morro dia a dia, sabendo-o, sentindo-o,
com a morte do amor em mim.

Esvaiu-se, ensandeceu, partiu,
espécie de sol sepultado por mãos ímpias,
numa cratera de lua, algures,
ou na tristeza de um retrato emudecido
pela ausência de vozes em redor.

Sem ele, a casa ficou deserta
de risos, acenos e afectos, de tudo,
as mãos ficaram ásperas, secas,
a pele do rosto gretada, fria,
e o sangue tornou-se lento e espesso,
incapaz de dar vida às pequenas folhas
orvalhadas da imaginação das noites.

A erva cresce em redor de mim,
os limões ficaram ressequidos sobre
a toalha bordada, num canto da mesa.

O amor tudo mata quando morre,
detendo no seu movimento elementar,
a máquina que ilumina o coração do dia.

José Jorge Letria


Estimada Elaine,
Que seu final de semana,
seja tão belo quanto és o teu ser.

Fraterno abraço!

Elaine Bastos disse...

BIluminado,
Suas partilhas são escolhas de quem tem sempre enorme sensibilidade
no coração!...
Abraços fraternurentos.