"Suave Caminho
Assim... Ambos assim, no mesmo passo,
Iremos percorrendo a mesma estrada;
Tu – no meu braço trêmulo amparada,
Eu – amparado no teu lindo braço.
Ligados neste arrimo, embora escasso,
Venceremos as urzes da jornada...
E tu – te sentirás menos cansada
E eu – menos sentirei o meu cansaço.
E assim, ligados pelos bens supremos,
Que para mim o teu carinho trouxe,
Placidamente pela Vida iremos,
Calcando mágoas, afastando espinhos,
Como se a escarpa desta Vida fosse
O mais suave de todos os caminhos."
*Mário Pederneiras*
Em “AO LÉO DO SONHO E À MERCÊ DA VIDA VERSOS DE MÁRIO PEDERNEIRAS”,
Rio de Janeiro, Cia. Editora Fon-Fon e Seleta S.A., 1ª Edição, 1912.
Assim... Ambos assim, no mesmo passo,
Iremos percorrendo a mesma estrada;
Tu – no meu braço trêmulo amparada,
Eu – amparado no teu lindo braço.
Ligados neste arrimo, embora escasso,
Venceremos as urzes da jornada...
E tu – te sentirás menos cansada
E eu – menos sentirei o meu cansaço.
E assim, ligados pelos bens supremos,
Que para mim o teu carinho trouxe,
Placidamente pela Vida iremos,
Calcando mágoas, afastando espinhos,
Como se a escarpa desta Vida fosse
O mais suave de todos os caminhos."
*Mário Pederneiras*
Em “AO LÉO DO SONHO E À MERCÊ DA VIDA VERSOS DE MÁRIO PEDERNEIRAS”,
Rio de Janeiro, Cia. Editora Fon-Fon e Seleta S.A., 1ª Edição, 1912.
2 comentários:
Compartilho...
O Amor Fino
O amor fino não busca causa nem fruto.
Se amo, porque me amam, tem o amor causa;
se amo, para que me amem, tem fruto:
e amor fino não há-de ter porquê nem para quê.
Se amo, porque me amam,
é obrigação, faço o que devo:
se amo, para que me amem,
é negociação, busco o que desejo.
Pois como há-de amar o amor para ser fino?
Amo, quia amo; amo, ut amem:
"amo, porque amo, e amo para amar."
Quem ama porque o amam é agradecido.
Quem ama, para que o amem, é interesseiro:
quem ama, não porque o amam,
nem para que o amem, só esse é fino!
Padre António Vieira
in "Sermões"
-------------------------
Parolagem da Vida
Como a vida muda. Como a vida é muda.
Como a vida é nula. Como a vida é nada.
Como a vida é tudo.
Tudo que se perde mesmo sem ter ganho.
Como a vida é senha de outra vida nova
que envelhece antes de romper o novo.
Como a vida é outra sempre outra,
outra não a que é vivida.
Como a vida é vida ainda quando
morte esculpida em vida.
Como a vida é forte em suas algemas.
Como dói a vida quando tira a veste de prata celeste.
Como a vida é isto misturado àquilo.
Como a vida é bela sendo uma
pantera de garra quebrada.
Como a vida é louca estúpida,
mouca e no entanto chama
a torrar-se em chama.
Como a vida chora de saber que é vida e nunca,
nunca, nunca leva a sério o homem, esse lobisomem.
Como a vida ri a cada manhã de seu próprio absurdo
e a cada momento dá de novo a todos uma prenda estranha.
Como a vida joga de paz e de guerra povoando
a terra de leis e fantasmas.
Como a vida toca seu gasto realejo
fazendo da valsa um puro Vivaldi.
Como a vida vale mais que a própria vida
sempre renascida em flor e formiga em seixo
rolado peito desolado coração amante.
E como se salva a uma só palavra escrita no sangue
desde o nascimento: amor, vidamor!
Carlos Drummond de Andrade
Elaine,
Deixo-lhe meu terno abraço!
BIluminado,
Os poemas são algo que enchem a minh'alma...
Um fraternurento abraço e grata pela partilha,
assim como por sua presença neste espaço!
Postar um comentário