segunda-feira, 27 de maio de 2013

"Enquanto morrem as rosas

Morre a tarde. Erra no ar a divina fragrância.
Fora, a mortiça luz dos crepúsculos arde.
Nas árvores, no oceano e no azul da distância
Morre a tarde...

Morrem as rosas. Minhas pálpebras se molham
No pranto das desesperanças dolorosas.
Sobre a mesa, pétala a pétala, se esfolham,
Morrem as rosas...

Morre o teu sonho?... Nesse instante o pensamento
Acabrunha o meu ser como um pesar medonho.
Ah, por que temo assim? Dize: neste momento
Morre o teu sonho?...
"

*Manuel  Bandeira*

Em "Poesia Completa e Prosa", São Paulo, Editora Nova Fronteira, 
Volume Único, 5ª Edição, 2009.

Nenhum comentário: