sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Cair da Tarde

Neste cair de tarde
meus cantos são prelúdios.

São começos, apenas,
de largas sinfonias
que tombam subitamente
sem chegar à expressão.

O mistério é muito fundo
para que possa enchê-lo outra música
que não a do infinito silêncio.
"

*Tasso da Silveira*

Em “Tasso da Silveira – Poemas”, ABL/Edições GRD, São Paulo, 2003.

2 comentários:

Brilho disse...

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Canção da Tarde no Campo

Caminho do campo verde,
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

(Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.)

Meus pés vão pisando a terra
que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!

(Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a flor é minha.)

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua:
vou chegando, vais fugindo
minha alma é a sombra da tua.

(Eu ando sozinha
por dentro de bosques.
Mas a fonte é minha.)

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto.
Subo monte, desço monte,
meu peito é puro deserto.

(Eu ando sozinha,
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.)

Cecília Meireles
In “Obra Poética”

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Vesperal

Dentro do véu da tarde silenciosa,
os jardins adormecem a sonhar...
Choram, sonhando, a sorte de uma rosa
que vai morrer nos braços do luar.

Dentro do véu da tarde silenciosa,
alguém soluça, erguendo os braços no ar,
uma velha balada dolorosa
de um grande amor que ninguém soube amar...

Pela tristeza de um longínquo olhar,
dentro do véu da tarde silenciosa,
beijo uma sombra que me faz chorar.

Canta um repuxo na hora vaporosa...
Quantas flores ainda vão tombar
dentro do véu da tarde silenciosa...

Onestaldo de Pennafort
In “Escombros Floridos”


Estimada Elaine,
É sempre uma agradável surpresa,
tua sensibilidade/escolha poética.
Florbela Espanca...Quanta verdade!

(..) "Conhece-se em mim o afecto, o amor,
a ternura por um egoísmo implacável
que quer tornar muito meus, e só meus,
os corações que se me dedicam um pouco."

Bela, belíssima mensagem!

Fraterno abraço.

Elaine Bastos disse...

Biluminado!

Que alegria!
Fico feliz em saber que gostou!
Sempre escolho o que me emociona,
toca o meu coração... O que eu gostaria de ter escrito...
Esse é um fragmento contido numa
das inúmeras cartas escritas por Florbela Espanca
para Júlia Alves, subdiretora do
“Suplemento de Modas e Bordados”
da revista portuguesa antiga “Século”,
que se tornou a sua maior confidente.
Elas se corresponderam por muitos anos e nunca se conheceram pessoalmente...
Suas partilhas... Você trouxe-me
Cecília Meireles e Onestaldo de Pennafort... GRANDES! Adoro-os! MUITÍSSIMO!
Bravo, bravo, bravíssimo!
Grata, gratíssima!
Abr'eijos fraternurentos.