quarta-feira, 15 de maio de 2013

"Os eternos deuses

Os deuses não sabem apanhar o momento esvoaçante
como quem aprisiona um besouro na mão,
não sabem o contacto delicioso, inquietante
do que – só uma vez! – os dedos reterão...

Em sua pobre eternidade, os deuses
Descobrem o preço único do instante...
e esse despertar, ainda palpitante,
de quem cortasse em meio um sonho vão.

No entanto, a vida não é sonho... Não:
a vida aí está, eterna: nossa mão
é que dispõe apenas de um minuto.

E todos os encontros são adeuses...
(Como riem, meu pobre amor... Como riem, de nós
esses eternos deuses!)
"

*Mario Quintana*

Em “Mario Quintana - Poesia Completa”, Rio de Janeiro, 
Editora Nova Fronteira, Volume Único, 1ª Edição, 2005.

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