segunda-feira, 13 de maio de 2013

"O Jogral

Eu faço versos como quem procura,
certo de achar, sem dor nem sofrimento,
na Musa amiga, indevassada e pura,
o desejado e justo valimento.

Nada me dói da mágoa que enclausura
a outros mais tristes o áureo pensamento
que esse me vem, de manso e sem tortura,
ao tempo azado e em cada bom momento.

Tédio em mim não se dá de ausente havê-la,
por tempo prolongado a caprichosa
Poesia, que me serve ao seu agrado.

E a rir me vou, feliz de assim querê-la,
furtiva às vezes, outras, dadivosa
com o ar feliz do que se sabe amado.
"

*Otacílio Colares*

Em "O Jorgral Impenitente", Fortaleza, Editora Instituto do Ceará, 1965.

Nenhum comentário: