terça-feira, 28 de maio de 2013

"Epigrama nº 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custa a vir, e quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.
"

*Cecília Meireles*

Em “Poesias Completas de Cecília Meireles, Viagem, Vaga Música”, Rio de Janeiro, 
Editora Civilização Brasileira - MEC, 1973.

Um comentário:

Brilho disse...

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Um Soneto.

Ama, quieto e em silêncio. É tão medroso
o amor, que um gesto o esfria e a voz o gela.
Esconde a todos o ímpeto maldoso
que te vai na alma e que um olhar revela.

Sofre: e do teu sofrer faze o teu gozo.
Se tua dor é grande, torna-a bela,
amando-a em ti. Depois, morre glorioso
de ter vivido e de morrer com ela.

Ama e sofre. Porque, onde quer que estejas,
hás de sentir, ó mísero proscrito,
que, por mais pequenino que tu sejas,

no teu peito de amante e sofredor
hão de, à força, caber todo o infinito
do sofrimento e a imensidão do amor!

Guilherme de Almeida,
in “Acaso”

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Que Amor Fez sem Remédio, o Tempo, os Fados?

Depois de tantos dias mal gastados,
Depois de tantas noites mal dormidas,
Depois de tantas lágrimas vertidas,
Tantos suspiros vãos vãmente dados,

Como não sois vós já desenganados,
Desejos, que de cousas esquecidas
Quereis remediar mortais feridas,
Que amor fez sem remédio, o tempo, os Fados?

Se não tivéreis já longa exp'riência
Das sem-razões de Amor a quem servistes,
Fraqueza fora em vós a resistência.

Mas pois por vosso mal seus males vistes,
Que o tempo não curou, nem larga ausência,
Qual bem dele esperais, desejos tristes?

Luís Vaz de Camões


Estimada Elaine,
Agradecida pelas tuas palavras.
Fique com Deus e com o meu
carinho de sempre.

Fraterno abraço!