“O DIA DE JOANA
[...]
“Mas estou cansada, apesar de minha alegria de hoje,
alegria que não se sabe de onde vem, como a da manhãzinha
de verão. Estou cansada, agora agudamente!
Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar
tão docemente. A dor cansada numa lágrima simplificada.
Mas agora já é desejo de poesia, isso eu confesso,
Deus. Durmamos de mãos dadas. O mundo rola e em
alguma parte há coisas que não conheço.
Durmamos sobre Deus e o mistério,
nave quieta e frágil flutuando sobre o mar, eis o sono.”
[...]
*Clarice Lispector*
Em “Perto do coração selvagem”, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 9ª Edição, 1980.
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
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