domingo, 5 de setembro de 2021

A flor e a andorinha

(Tsé-Tié)

Cortei em um ramo uma flor pequenina e rosada,
e ofertei à mulher que tem lábios finos e doces
como estas flores pequeninas e rosadas…

Roubei do seu ninho uma andorinha de asas negras,
e ofertei à mulher, cujas pestanas longas
se assemelham às asas das andorinhas.

Na manhã seguinte, a florzinha pendeu, já murcha…
e a andorinha, seguindo a alma da flor, tomou voo,
pela janela aberta sobre a montanha azul…

No entanto, nos lábios da mulher amada
abre-se a flor rosada e pequenina,
e as negras pestanas, que lhe velam os claros olhos,
não têm o ar inquieto de quem quer bater as asas…

*Antônio Francisco da Costa e Silva*
Em “Poesias Completas Nova Edição Revista e Ampliada (Sangue, Zodíaco, Verhaeren,
Pandora, Verônica e Alhambra)”, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 4ª Edição, 2000.

Nenhum comentário: