“Luminescência
[...]
Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento,
e da Terra e da Lua.
Então ele, o silêncio, aparece. E o coração bate ao reconhecê-lo: pois
ele é o de dentro da gente.
Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e
para sempre se perderam.
Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da
amizade perdida, é apenas fuga.
Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta – como
arde, Ulisses, por ser chamada
e responder; – cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas
o teu silêncio.”
[...]
*Clarice Lispector*
Em “CLARICE LISPECTOR UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES”,
Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1ª Edição, 1998.
domingo, 5 de setembro de 2021
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