“Soneto de desesperança
De não poder viver na esperança
Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho
Secreto, onde ao sabor do seu capricho
Fugisse a vê-la como uma criança.
Tão cauteloso fez-se em seus cuidados
De não mostrá-la ao mundo, que a queria
Que por zelo demais, ficaram um dia
Irremediavelmente separados.
Mas eram tais os seus ciúmes dela
Tão grande a dor de não poder vivê-la,
Que em desespero, resolveu-se: – Mato-a!
E foi assim que triste como um bicho
Uma noite subiu até o nicho
E abriu o coração diante da estátua.”
*Vinicius de Moraes*
Em “Soneto de Fidelidade e outros poemas (CLÁSSICOS DE OURO)”,
São Paulo, Ediouro Editora, 6ª Edição, 2002.
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
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