“As Espigas de Aninha (Meu Menino)
A estrada da vida
pode ser longa e áspera.
Faça-a mais longa e suave.
Caminhando e cantando
Com as mãos cheias de sementes
A um jovem distante
o Pai deu uma gleba de terra,
e disse: trabalha, produz.
Era no tempo e ele plantou…
E me mandou no tempo quatro espigas de sua planta,
enfeitadas com os selos caros do correio.
Como o Leitor receberia este presente?
Era abril na minha cidade.
Páscoa.
Sempre, abril é Páscoa.
Recebi as espigas resguardadas em meia palha dourada,
símbolo de um trabalho fecundo.
Preparando sua terra
plantando e produzindo,
ele estava esquecendo angústias
do presente
e enchendo a tulha do futuro.
Eu o abençoei de longe
com a ternura dos meus cabelos brancos.”
*Cora Coralina*
Em “Vintém de Cobre: meias confissões de Aninha”,
São Paulo, Editora Global, 10ª Edição, 2013.
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