sábado, 23 de outubro de 2021

Balada de Di Cavalcanti

Nos sessenta e cinco anos do pintor mais jovem do Brasil

Carioca Di Cavalcanti
É com a maior emoção
Que este também carioca  
Te traz esta saudação.
É de todo o coração
Poeta Di Cavalcanti
Que este também poetante  
Te faz esta sagração.
Amigo Di Cavalcanti
Amigo de muito instante
De alegria e de aflição
Nos teus treze lustros idos
Cinco foram bem vividos
Bem vividos e bebidos
Na companhia constante
Deste também teu irmão.
Quantos amigos já idos!
Quantos ainda partirão!
Mestre pintor Emiliano
Augusto Cavalcanti
De Albuquerque: ou melhor, Di
Um ano segue a outro ano
Diz o vulgo por aí
E daí? se mais humano
Fica um homem (igual a ti!)
Mesmo entrando pelo cano?
Se pode dizer: vivi!?
Viveste, Di Cavalcanti
Foste amigo e foste amante
Não há outro igual a ti.  
Juntos bebemos champagne
Uísque, vinho, parati.  
Juntos rimos e choramos
No México e em Paris.  
Juntos tivemos e amamos
Mulheres daqui e dali.
Maria... quantas Marias...
(Fiquei mesmo por aí.)
Que bom seria, Emiliano
Se Ovalle estivesse aqui!
Que bom seria se Noemia
Braço dado
(Vê minha mão como treme...)
Viesse abraçar-te, Di!
A uma eu diria: yes
À outra dirias: oui
E um porre tomaríamos
De Strega (lembras-te, Di?)


*Vinicius de Moraes*   
Em “Poesia Completa e Prosa - Volume Único”, Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar, 4ª Edição, 2004.

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