domingo, 17 de outubro de 2021

 “SAUDAÇÃO A VINICIUS DE MORAES

Marcus Vinicius
Cruz de Moraes,
Eu não sabia
Que no teu nome
Tu carregavas
A tua cruz
De fogo e lavas.
Cruz da poesia?
Cruz do renome?
Marcus Vinicius
Que em tuas puras,
Tuas selvagens,
Raras imagens
Da mais pungente
Melancolia,
Ficaste ardente
Para jamais:
Quais são teus vícios,
Vinicius, quais,
Para os purgares
Nas consulares
Assinaturas?
Marcus Vinicius
Eu já te tinha
(E te ofereço
Esta tetinha)
Como um dos marcos
De maior preço
Do bom lirismo
Da pátria minha.
Mas não sabia
Que fosses Marcus
Pelo batismo.
Hoje que o sei,
Te gritarei
Num poema bem,
Bem, não! no mais
Pantafaçudo
Que já compus:
– Marcus Vinicius
Cruz de Moraes
(Melo também),
De cruz a cruz
Eu te saúdo!


*Manuel Bandeira*
Em “Manuel Bandeira − Poesia Completa e Prosa (MAFUÁ DO MALUNGO) − Volume Único”,
Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1ª Edição, 2009.

Nenhum comentário: