domingo, 21 de novembro de 2021

 “Soneto 013

Alegres campos, verdes arvoredos,
claras e frescas águas de cristal,
que em vós os debuxais ao natural,
discorrendo da altura dos rochedos;
 
silvestres montes, ásperos penedos,
compostos em concerto desigual,
sabei que sem licença do meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos.
 
E, pois já não me vedes como vistes,
não me alegrem verduras deleitosas,
nem águas que correndo alegres vêm.

semearei em vós lembranças tristes,
regando-vos com lágrimas saudosas,
e nascerão saudades de meu bem.


*Luís Vaz de Camões*
Em “LUÍS DE CAMÕES – OBRA COMPLETA”,
Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1ª Edição, 2003.

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