sábado, 8 de maio de 2021

Visita à casa paterna

                                                  A minha irmã Isabel.

Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma, talvez, do amor materno,
Tomou-me as mãos – olhou-me grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que, da luz noturna à claridade,
Minhas irmãs e minha Mãe... O pranto

Jorrou-me em ondas... Resistir quem há de?
– Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade...


*Guimarães Júnior*
(Luís Caetano Pereira Guimarães Júnior)
Em “A Circulatura do Quadrado – Alguns dos Mais Belos Sonetos
de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa, Introdução,
coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho
”, Porto/Portugal,
Edições UNICEPE – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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