sábado, 22 de maio de 2021

SONETO DA VOLTA

Desde este instante, sem cessar, maldigo,
Aquele instante de felicidade!
Para que tu vieste ter comigo,
Meu amor! Minha luz! Minha saudade?!

Dês que te foste, foram-se contigo
Todos os sonhos desta mocidade...
A tua vinda – fora-me um castigo;
A tua volta – uma fatalidade!

Dês que te foste, dentro em mim plantaste
A ânsia infinita dos desesperados
Porque voltando, nunca mais voltaste...

Correm-me os dias de aflições, cobertos:
Eu entrei para o amor de olhos fechados
E saí para a dor de olhos abertos!


*Joaquim Vespasiano Ramos*
Em “Coisa Alguma...”, São Luís/MA, Conselho Estadual de Cultura, 3ª Edição, 1984.

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