“Sob a tua serenidade...
Não me ouvirás... É vão... Tudo se espalha
Pelos ermos de azul... E permaneces
Sobre o vale das súplicas e preces
Com solenes grandezas de muralha...
Minha alma, sem Te ouvir nem ver, trabalha
Tranqüila. Solidão... Desinteresses...
Por que pedir? De tudo que me desses
Nada servira a esta existência falha...
Nada servira, agora... E, noutra vida,
Oh! noutra vida eu sei que terei tudo
Que há na paragem bem-aventurada...
Tudo, – porque eu nasci desiludida,
E sofri, de olhos mansos, lábio mudo,
Não tendo nada e não pedindo nada...”
*Cecília Meireles*
Em “NUNCA MAIS... E POEMA DOS POEMAS”, São Paulo, Editora Global, 2ª edição, 2015.
domingo, 2 de maio de 2021
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