domingo, 2 de maio de 2021

 A  Rua  dos Cataventos

Soneto  VIII

                                      Para Dyonélio Machado

Recordo ainda… E nada mais me importa…
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas da noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança…

Estrada afora após segui… Mas ai,
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino… acreditai…
Que envelheceu, um dia, de repente!...


*Mario Quintana*
Em “Antologia Poética”, Rio de Janeiro, Editora Alfaguara, 1ª Edição, 2015.

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