segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

 “Solombra

[...]

Quero uma solidão, quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo - libertar-me

das paredes, de tudo que aprisiona;
atravessar demoras, vencer tempos
pulutantes de enredos e tropeços.

Quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias vagamente erguidas.

Ser tua sombra, tua sombra, apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitada.

Falar contigo pelo deserto.


*Cecília Meireles*

Em “Solombra”, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1ª Edição, 2005.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Elaine,

ah, eu também quero, como quero!

Um abraço!