sábado, 26 de janeiro de 2013

Madona da Tristeza

Quando te escuto e te olho reverente
E sinto a tua graça triste e bela
De ave medrosa, tímida, singela,
Fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
Toda a delicadeza ideal revela
E de sonhos e lágrimas estrela
O meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo,
Ó da piedade soberano exemplo,
Flor divina e secreta da Beleza.

Os meus soluços enchen os espaços
Quando te aperto nos estreitos braços,
Solitária madona da Tristeza.

 
*Cruz e Sousa*

Em “Últimos Sonetos de Cruz e Sousa”, Forianópolis-Rio de Janeiro, 
Editora da UFSC/Co-edição Fundação Casa de Rui Barbosa, 3ª Edição Revista, 1997.

Nenhum comentário: