“As Minhas Asas
Eu tinha umas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Que, em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Eram brancas, brancas, brancas
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
Veio a ambição, co'as grandezas
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas
E já suspenso da terra
Ia voar para elas
Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Para a terra me pesavam
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.”
*Almeida Garrett*
Em “Obras de Almeida Garrett (2 volumes), Edição Única”, Porto/Portugal,
Editora Lello & Irmão Editores, 1966.
Eu tinha umas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Que, em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Eram brancas, brancas, brancas
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
Veio a ambição, co'as grandezas
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas
E já suspenso da terra
Ia voar para elas
Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Para a terra me pesavam
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.”
*Almeida Garrett*
Em “Obras de Almeida Garrett (2 volumes), Edição Única”, Porto/Portugal,
Editora Lello & Irmão Editores, 1966.
2 comentários:
Quanta suavidade nas palavras e quanta inspiração de vida para compor tal reflexão.
De muito bom gosto a escolha do texto, Elaine.
Milena, boa noite!
Adorei a sua visita e por você se colocar como seguidora de minha página...
Gosto de receber pessoas amigas.
Em especial, as que são amáveis e generosas como você.
Convido-lhe a honrar este espaço, sempre!
Um abraço fraternal.
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