sábado, 12 de janeiro de 2013

"A um livro…

No silêncio de cinzas do meu Ser
Agita-se uma sombra de cipreste,
Sombra roubada ao livro que ando a ler,
A esse livro de mágoas que me deste. 


Estranho livro aquele que escreveste,
Artista da saudade e do sofrer!
Estranho livro aquele em que puseste
Tudo o que eu sinto, sem poder dizer!

Leio-o, e folheio, assim, toda a minh’alma!
O livro que me deste é meu, e salma
As orações que choro e rio e canto!...

Poeta igual a mim, ai que me dera
Dizer o que tu dizes!... Quem soubera
Velar a minha Dor desse teu manto!...
"

 *Florbela Espanca*
Em “Poemas de Florbela Espanca”, São Paulo, Editora Martins Fontes, 4ª Edição, 2005.

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