segunda-feira, 1 de abril de 2013

Soneto

Mudam-se o tempo, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.”      

*Luís Vaz de Camões*
Em “LUÍS DE CAMÕES - OBRA COMPLETA”, Rio de Janeiro, Editora Nova Agular, 1ª Edição, 2003.

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