quinta-feira, 4 de abril de 2013

Tempo de Poesia

Todo o tempo é de poesia.

Desde a névoa da manhã

à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.

Todo o tempo é de poesia.


Entre bombas que deflagram.

Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria

das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo tempo é de poesia.


Desde a arrumação do caos

à confusão da harmonia.
 
*António Gedeão*
Em “Poesias Completas”, Lisboa, Portugália Editora, 9ª edição, 1983.           

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