segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ao Longe os Barcos de Flores

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila, 

   Perdida voz que de entre as mais se exila,   
Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila

E os lábios, branca, de carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora

Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há de remi-la?
Quem sabe a dor que em razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...
”   

*Camilo Pessanha*
Em “Clepsidra”, São Paulo, Editora Ateliê Editorial, 1ª Edição, 2009.

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