“Coração é terra que ninguém vê
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei − nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei − nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.
Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão
Coração é terra que ninguém vê
− diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
− teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...”
*Cora Coralina*
Em “Melhores Poemas, Cora Coralina”, São Paulo, Editora Global, 1ª Edição, 2004.
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