quarta-feira, 3 de abril de 2013

Violoncelo

Chorai arcadas

Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam!)
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trémulos astros...
Solidões lacustres...
− Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
− Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.


*Camilo Pessanha*

Em “Clepsydra e outros poemas”, Lisboa, Editora Ática, 1ª Edição, 1969.

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