domingo, 3 de dezembro de 2017

Vago

Oh tu: sombra perdida numa reminiscência
de céus selados na minha memória; tu, que
um passado desejo despertas na maturação
dos bosques - de onde se elevam os fluídos
húmidos do crepúsculo - e que ao ameno
Sul emprestas o amargo traço de um rosto nocturno:
dar-me-ás esse véu de palavras
mortas sob as argilas negras do inverno?
Esse cansado impulso de ser num vestígio
de voz - sudário sopro de que vago murmúrio?


*Nuno Júdice*
Em “Obra Poética (1972-1985) - 'Lira de Líquen'*, Lisboa, Quetzal Editores, 1ª Edição, 1991.

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