terça-feira, 26 de dezembro de 2017

[...]
 
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.


*João Cabral de Melo Neto*
Em “MORTE E VIDA SEVERINA - AUTO DE NATAL PERNAMBUCANO”, 
Rio de Janeiro, Editora ALFAGUARA, 1ª Edição, 2016.

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