domingo, 10 de dezembro de 2017

Dor suprema

Que esta Suprema Dor que minh'Alma envelhece,
Que tanto me acabrunha e tanto desalenta,
Que repele a Ilusão, como o Sonho afugenta,
Que não cede ao Clamor, como não cede à Prece;

Que esta Suprema Dor que me prende e acorrenta
A mágoa de esperar o que nunca aparece,
Que se entranha na Vida e se alarga e que cresce
E de encontro à Alegria, em lágrimas, rebenta;

Seja o meu calmo abrigo, o meu sereno asilo,
Onde minh'Alma vá, toda branca e alquebrada,
Pedir o Pouso e a Paz para um viver tranquilo.

E que exsurja da Treva em que agora ando imerso
Para eterna viver aqui - marmorizada -
Na tristeza imortal da Lágrima e do Verso.


*Mário Pederneiras*
Em “POESIA REUNIDA”, Estudo introdutório, organização e estabelecimento de textos: 
Antonio Carlos Secchin, Coleção Austragésilo de Athayde, 
Rio de Janeiro,  Academia Brasileira de Letras, 2004.

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