sábado, 23 de dezembro de 2017

Natal Divino
 
Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.

O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…


*Miguel Torga*
Em
Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom Quixote, Volume II, 2ª Edição, 2002.

Nenhum comentário: