sábado, 23 de dezembro de 2017

Natal

No ermo agreste, da noite e do presepe, um hino
De esperança pressaga enchia o céu, com o vento...
As árvores: ‘Serás o sol e o orvalho!’ E o armento:
‘Terás a glória!’ E o luar: ‘Vencerás o destino!’

E o pão: ‘Darás o pão da terra e o pão divino!’
E a água: ‘Trarás alívio ao mártir e ao sedento!’
E a palha: ‘Dobrarás a cerviz do opulento!’
E o teto: ‘Elevarás do opróbrio o pequenino!’

E os reis: ‘Rei, no teu reino, entrarás entre Palmas!’
E os pastores: ‘Pastor, chamarás os eleitos!’
E a estrela: ‘Brilharás, como Deus, sobre as almas!’

Muda e humilde, porém, Maria, como escrava,
Tinha os olhos na terra em lágrimas desfeitos:
Sendo pobre, temia; e, sendo mãe, chorava.

*Olavo Bilac*
Em “Vida e poesia de OLAVO BILAC”, São Paulo, Editora Novo Século, 5ª Edição, 2007. 

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