domingo, 10 de dezembro de 2017

Escrito numa ânfora grega

É o teu amor que espalha a tinta
Na minha tela da cor da sede:
Paisagem que a tua paixão pinta
Para eu pendurar numa parede.

Candidatura a bem-amado
Das minhas núpcias de aracnídeo,
Contigo a ver-me de um telhado,
Altura própria para um suicídio.

Mas prometida a um olhar marujo
Na lenda de um Fáon que nunca chega
Quanto mais me amas, mais eu te fujo.
Falta cumprir a sina grega.


*Natália Correia*
Em “NATÁLIA CORREIA – ANTOLOGIA, O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I”, 
Lisboa, Editora  PROJORNAL, 1ª edição, 1993. 
[Volume I, 486 págs.: Inéditos (1941-47); Rio de Nuvens (1947); Inéditos (1947-55); Poemas (1955); 
Inéditos (1955-57); Dimensão encontrada (1957); Inéditos (1957-58); Paqssaporte (1958); 
Inéditos (1958-59); Comunicação (1959); Inéditos (1959-61); Cântico do país emerso (1961); 
Inéditos (1961-66); O vinho e a lira (1966); Inéditos (1966-68); A mosca iluminada (1972).]

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