“Abrigo Celeste
Estrela triste a refletir na lama,
Raio de luz a cintilar na poeira,
Tens a graça sutil e feiticeira,
A doçura das curvas e da chama.
Do teu olhar um fluido se derrama
De tão suave, cândida maneira
Que és a sagrada pomba alvissareira
Que para o Amor toda a minh’alma chama.
Meu ser anseia por teu doce apoio,
Nos outros seres só encontra joio,
Mas só no teu todo o divino trigo.
Sou como um cego sem bordão de arrimo
Que do teu ser, tateando, me aproximo,
Como de um céu de carinhoso abrigo.”
*Cruz e Sousa*
Em “Últimos Sonetos de Cruz e Sousa”, Forianópolis-Rio de Janeiro,
Editora da UFSC/Co-edição Fundação Casa de Rui Barbosa, 3ª Edição Revista, 1997.
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