segunda-feira, 4 de março de 2013

"O Silêncio

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.
"

*Eugénio de Andrade*

Em “Obscuro Domínio”, Porto, Editora Limiar, 1978.

Um comentário:

Brilho disse...

Estimada Elaine...

Sou-lhe grata pela atenção a minha indagação.
Recebi, não somente uma resposta, mas,
uma riquíssima aula. Deus, na sua infinita sabedoria,
não coloca pessoas e/ou coisas na nossa vida, Ele,
simplesmente, nos presenteia.

Desejo que seus dias sejam sempre, sempre melhores.

Fraterno abraço.


Com a tua devida permissão, compartilho....


OUTONO

"As folhas caem como se do alto
caíssem, murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.

E a terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.

Caimos todos nós. Cai esta mão.
Olha em redor: cair é a lei geral.

E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão."

Rainer Maria Rilke


"Até quando terás, minha alma, esta doçura,
este dom de sofrer, este poder de amar,
a força de estar sempre – insegura - segura
como a flecha que segue a trajetória obscura,
fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...?"

Cecília Meireles