"Horas Mortas
Breve momento, após comprido dia –
De incômodos, de penas, de cansaço,
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.
Desta janela aberta à luz tardia –
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.
Chegas. O ósculo teu me vivifica.
Mas é tão tarde! Rápido flutuas,
Tornando logo à etérea imensidade;
E na mesa a que escrevo apenas fica
sobre o papel – rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade."
*Alberto de Oliveira*
Em “Lírica”, Rio de Janeiro, Editora Livraria São José, 1971.
Breve momento, após comprido dia –
De incômodos, de penas, de cansaço,
Inda o corpo a sentir quebrado e lasso,
Posso a ti me entregar, doce Poesia.
Desta janela aberta à luz tardia –
Do luar em cheio a clarear no espaço,
Vejo-te vir, ouço-te o leve passo
Na transparência azul da noite fria.
Chegas. O ósculo teu me vivifica.
Mas é tão tarde! Rápido flutuas,
Tornando logo à etérea imensidade;
E na mesa a que escrevo apenas fica
sobre o papel – rastro das asas tuas,
Um verso, um pensamento, uma saudade."
*Alberto de Oliveira*
Em “Lírica”, Rio de Janeiro, Editora Livraria São José, 1971.
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