segunda-feira, 11 de março de 2013

"Expectativa

O vento anda ficando mentiroso.
Prometeu trazer você - não trouxe.
Ficou de dizer o porquê, não disse.
Esperou que eu me distraísse,
passou depressa, rumo ao horizonte.
Já não tem importância
que cometa outra vez,
um ato de inconstância.
Aprendi a esperar.
Se ventos são capazes de levar embora,
a qualquer hora,
também,são capazes de fazer voltar.
"

*Flora Figueiredo*

Em “Chão de Vento – Poesia”, São Paulo, Geração Editorial, 1ª Edição, 2005.

Um comentário:

Brilho disse...

Estimada Elaine...

Sou-lhe grata aos votos.
Belíssimo poema.

Desejo-lhe dias sempre melhores.

Fraterno abraço!



Felicidade

"Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos."

Vicente de Carvalho