quarta-feira, 27 de março de 2013

A Balada das Folhas

No crepúsculo de gaze
E ouro, anda alguém a cantar
Uma cantiga que é quase
Um choro humano, pelo ar...
Pensativo, os olhos ponho
Nas folhas, – vida que vai
A extinguir-se, sonho a sonho,
Em cada folha que cai...

A primeira é verde e é linda.
Porque o vento a desprendeu?
Não tinha vivido ainda, 
Não tinha amado e morreu.
Vento do Destino avança,
E num soluço, num ai,
Cai um mundo de esperança
Na folha humilde que cai.

A segunda é a folha morta,
Passado... Desilusão...
Mal o vento os ramos corta,
Ela adormece no chão...
É a saudade, – folha da alma –
Que no tormento se abstrai
E vive da morte calma
De cada sonho que cai.

Oferenda:

No crepúsculo indeciso
Da vida, me martirizo
Por um sonho que se esvai...
Caem folhas... Chorei!...
Há uma lágrima, um sorriso...
                   Em cada folha que cai.
”                  

*Olegário Mariano*

Em "POEMAS DE AMOR E DE SAUDADE", São Paulo, 
Companhia Editora Nacional, 1932.

Nenhum comentário: