sábado, 20 de março de 2021

A um indiferente

Nesses teus olhos vagos, distraídos,
nesse teu ar distante, indiferente,
nessa apatia assim dos teus sentidos
que parecem dormir profundamente,

nessa frieza com que os teus ouvidos
ouvem o grito deste amor ardente,
nesses teus braços calmos, desprendidos,
que nunca me cingiram ternamente,

nessa ausência completa de desejo,
nessa boca que foge do meu beijo,
é que reside o teu maior encanto...

Se o teu amor ao meu amor viesse,
se essa felicidade eu conhecesse,
talvez... talvez não te quisesse tanto!


*Maria José Aranha Rezende*
Em “O Mundo Maravilhoso do Soneto” – Vasco de Castro Lima
(Coletânea de 232 Poetas Sonetistas fiéis ao Soneto),
Rio de Janeiro, Editora Livraria Freitas Bastos, 1987.

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