sábado, 20 de março de 2021

 “Meu Sonho

Eu

Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Porque brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? – que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

O fantasma

Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...


*Álvares de Azevedo (Manuel Antônio Álvares de Azevedo)*
Em “LIRA DOS VINTE ANOS – Álvares de Azevedo, Apresentação e Notas – José Emílio Major Neto”,
São Paulo, Ateliê Editorial, 4ª Edição – conforme a nova ortografia, 2009.

Nenhum comentário: