domingo, 28 de março de 2021

O Lenço Dela

Quando a primeira vez, da minha terra
Deixei as noites de amoroso encanto,
A minha doce amante suspirando
Volveu-me os olhos úmidos de pranto.

Um romance cantou de despedida,
Mas a saudade amortecia o canto!
Lágrimas enxugou nos olhos belos...
E deu-me o lenço que molhava o pranto.

Quantos anos contudo já passaram!
Não olvido porém amor tão santo!
Guardo ainda num cofre perfumado
O lenço dela que molhava o pranto...

Nunca mais a encontrei na minha vida,
Eu contudo, meu Deus, amava-a tanto!
Oh! quando eu morra estendam no meu rosto
O lenço que eu banhei também de pranto!


*Álvares de Azevedo*
Em “Obras de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1862)
– Poema integrante da série Lira dos Vinte Anos: Continuação –
GRANDES poetas românticos do Brasil – Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora,
Introd. Frederico José da Silva Ramos
”, São Paulo, LEP, Volume 1, 1959.

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