domingo, 28 de março de 2021

Soneto Inascido

O poema subjaz. Insiste sem existir
Escapa durante a captura  
Vive do seu morrer.

O poema lateja.
É limbo, é limo,
Imperfeição enfrentada
Pecado original.

O poema viceja no oculto
Engendra-se em diluição
Desfaz-se ao apetecer.

O poema poreja flor e adaga
E assassina o íncubo sentido.

Existe para não ser.


*Artur da Távola
*
(pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros)
Em “O JUGO DAS PALAVRAS”, Rio de Janeiro, Editora Record, 1ª Edição, 2013.

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