C'erano tre zitelle,
E tutti tre d’amore.
(Canto popular da Itália)
I
A mais moça das três, a mais ardente e viva,
Aquela que mais brilha,
Quando, sorrindo, aos seus encantos nos cativa,
Eu amo como filha.
A segunda, que tem da pálida açucena,
Aberta de manhã,
A cor, o cheiro, a forma, a languidez serena,
Eu amo como irmã.
A outra é a mulher, que me enleia e fascina
É a mulher que eu chamo
Entre todas gentil: é a mulher divina,
É a mulher que eu amo.
II
A mais moça das três é linda borboleta:
Entra, abre as asas, sai,
Não compreende bem, não nega, nem rejeita
O meu amor de pai.
A segunda é a flor de essência melindrosa,
De rara perfeição;
Não sei se ela desdenha, ou compreende e goza
O meu amor de irmão.
A terceira é a mulher, anjo, monstro, hidra, esfinge,
Encanto, sedução:
Amo-a: não a conheço: é verdadeira ou finge?
Não a conheço, não.
III
Se a primeira casasse, oh! que alegria a minha!
Eu lhe diria: vai;
Veria nela um anjo, um astro, uma rainha,
O meu amor de pai.
Se a segunda casasse eu mesmo iria à igreja,
Levá-la pela mão;
Dir-lhe-ia: o céu azul virar-te aos pés deseja
O meu amor de irmão.
Se a terceira casasse, oh! minha infelicidade!
A mais velha das três
No horror da escuridão, fora uma eternidade
A minha viuvez.
IV
Se a primeira morresse, oh! como eu choraria
A minha desventura!
Com lágrimas de dor lavaria noite e dia
A sua sepultura.
Se a segunda morresse, oh! transe amargurado!
Eu choraria tanto,
Que ela iria nadando, em seu caixão dourado,
Nas águas do meu pranto.
Se a terceira morresse, em seu caixão deitada,
Sem que eu chorasse, iria;
Porque noutro caixão, ó minha morta amada,
Alguém te seguiria...”
*Luís Delfino dos Santos*
Em “Poesia Completa, org. de Lauro Junkes”, Florianópolis,
Academia Catarinense de Letras (ACL), 2º v., 2001.
domingo, 7 de março de 2021
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