“DIÁLOGO INTERIOR
Ante o infinito,
Cismo e medito.
Mas vou pensando
E interrogando.
Dialogo a esmo
Comigo mesmo.
– Tudo convida
A amar a vida.
– E a amar se deve
A um bem tão breve?
– A vida é bela
No que revela...
– Mas como existe
O homem tão triste?
– A vida é a luta
Divina e bruta.
– Onde o heroísmo?
Páramo ou abismo?
– A vida encerra
Os bens da terra.
– Se esses dons temos,
Por que sofremos?
– A vida inquieta
É a mais completa.
– Mas por que a alma
Aspira à calma?
– A vida é intensa
Para quem pensa.
– E onde a esperança,
Que não descansa?
– A vida é pura
Quando há ventura.
– E por que sinto
A ânsia do instinto?
– A vida é chama,
Que apura e inflama.
– Por que a resumo
Em névoa e fumo?
– A vida é a glória
Sempre ilusória.
– Mas como é insano
O sonho humano?
– A eterna esfinge
Ninguém atinge...
– Que reticências
Nas existências!”
*Antônio Francisco da Costa e Silva*
Em “Poesias Completas Nova Edição Revista e Ampliada (Sangue, Zodíaco, Verhaeren, Pandora,
Verônica e Alhambra)”, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 4ª Edição, 2000.
sexta-feira, 12 de março de 2021
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário