domingo, 26 de novembro de 2017

Tua voz

A tua voz vem d´alma, fresca e pura
Como um bafo de infante adormecido:
Se cantas – dás um raio de ventura,
Se choras, tudo chora ao teu gemido!

Quando me deixas, longo tempo ainda
Ouço-te a fala, música divina,
Que sai sorrindo dessa boca linda,
Harpa mimosa que só Deus afina.

A tua voz me alegra e me embriaga:
Assim a brisa, de perfumes rica,
Sussurra nos rosais, suspira e afaga...
Passa, é verdade; mas o aroma fica!


*Casimiro de Abreu*
Em “Poesias Completas de Casimiro de Abreu”, Rio de Janeiro, Editora Ediouro, 11ª Edição, 1973.

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