domingo, 12 de novembro de 2017

À minha irmã

Depois que a dor, depois que a desventura
Caiu sobre o meu peito angustiado,
Sempre te vi, solícita, a meu lado,
Cheia de amor e cheia de ternura.

É que em teu coração ainda perdura,
Entre doces lembranças conservado,
Aquele afeto simples e sagrado
De nossa infância, ó meiga criatura.

Por isso aqui minh'alma te abençoa:
Tu foste a voz compadecida e boa
Que no meu desalento me susteve.

Por isso eu te amo e, na miséria minha,
Suplico aos céus que a mão de Deus te leve
E te faça feliz, minha irmãzinha...


*Manuel Bandeira*
Em “Manuel Bandeira - Poesia Completa e Prosa - Volume Único”, 
Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1ª Edição, 2009.

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